quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Sentir.

Sentir...Pensa comigo, queridos.Dentre todos os mais inusitados e procurados verbos, ele, em seu sentido real é o menos clichê.
Sentir é palpitação, é o cheiro, é a cor e quem sabe até, é o toque inicial do amor. Sentir é aquela agonia, aquela vontade inusitada de expressar sem saber como.É a falta de representação do movimento.Quieto, lento e quase sem nada para descrever, o sentir vem como a doce e singela forma de amar, de odiar, de presenciar, de auscultar a mente e o coração.
Seja bom ou ruim o importante mesmo -meu caro- é sentir.Permita-se por alguns minutos aquele pulsar de veias, a desobstrução de artéria, meios, fundos e mundos que nem mesmo com o fazer somos capazes de prever.
Como um recuo providencial, como uma fuga imaginativa, como representação do eu, do ego, como simples e puro verbo no infinitivo.Veja e perceba que ele é o repousar da tarde, o solitário que anda por entre a gente, é o que guia, a manchete do dia, no fim é o nosso maior e mais vital prazer.

Sentir - Dara Bandeira

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Palavras Guardadas.

Guardo as palavras com um cuidado, com um carinho imenso. Por pouco não anoto as frases, os pensamentos e os tópicos que me vêm à mente para que em alguma hora do dia eu possa compartilhar. Milhares de coisas se perdem, e, por vezes, me vejo escrevendo as coisas descartáveis que pensei. Eu escrevo e compartilho sempre com as mesmas pessoas, que quase sempre me respondem com dezenas de pontos de interrogação, mas me sinto ouvida, me faz bem.
Ultrapasso mil fases, repenso coisas, descrevo o ambiente que estou, me coloco no lugar das pessoas, espero o telefone tocar, tento ser gentil, tento não me preocupar. Sabe por quê? Porque com o tempo aprendi que posso ter o mundo e me sentir sozinha, às vezes. Aprendi a aceitar convites recusáveis, vibrar com os irrecusáveis, aprendi a ser uma boa companhia para mim mesmo, porque sempre terei a mim. Posso ouvir a mesma música o dia inteiro, posso até cantar músicas em francês sem saber a letra, posso assistir o que quiser quando chego em casa, posso não chegar em casa se quiser.
Eu posso ser alguém, posso simplesmente não ser ninguém, posso ser uma personagem, posso por horas, quase todas as horas do dia,deixar de atuar, porque não terá ninguém olhando, ninguém além de mim.

Dara Bandeira

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Eu não estava.

Andava pela rua e não escutava nenhum ruído externo, era só o som que vinha da música que escutava. As pessoas passavam como em um filme, elas pareciam personagens. Personagens que atuavam como mendigos, como moças e rapazes bonitos que fazem figuração, como evangélicas, devotas, seja o que for, elas atuavam. Muitos olhares de indiferença perante a paraibana que vende produtos de madeira, muita indiferença, eu via, não podia deixar de ver. Eu vi os carros andando em uma velocidade alta, eu via o semáforo fechado e os carros passando, me soou como indiferença também. Os vendedores das lojas, um tanto afobados com a chegada do natal também estavam lá,. E vi também, os marceneiros construindo a casinha que abrigará o personagem de um homem qualquer, intitulado Papai Noel.
Eu vi tanta coisa, mas como em um sonho qualquer, não pude me ver. Como se não fizesse parte de tudo aquilo, como se nenhum personagem se encaixasse comigo, eu pude apenas olhar e fingir sorrir.

Dara Bandeira