terça-feira, 24 de novembro de 2009

Estações.


Porque dessa vez vai ser diferente, eu já decidi. Eu aceitei os meus erros, meus desamores, minha angústia e minha solidão. Eu aceitei as minhas perdas e os meus sofrimentos. Deixo-me sofrer ou sorrir, contanto que seja com intensidade, com uma chuva de verdade, o importante mesmo é sentir. Eu não escondo mais meus ciúmes, minha inquietação, minha irritação. Não escondo a minha ansiedade por dias mais claros, por noites mais animadas, para crescer e ter o que contar. Eu não escondo mais o meu rosto, não minto para não causar desgosto, não desminto ninguém para não envergonhar. Prometi dançar, ainda que sem ritmo, cantar ainda que sem saber a letra, dizer que amo ainda que não seja aniversário, doença ou morte, sabe? Decidi simplesmente dizer, quando sentir vontade, quando percebo que alguém irá se alegrar. Rejeitei as idéias dos chatos e sábios. Decidi que ainda sem tempo para jogar conversa fora, não vou ligar para o tempo, ele que trate de esperar. A estação mudou, os dias estão mais quentes e de noite a chuva chega de mansinho, com o intuito puro e simples de refrescar. A minha estação mudou, os dias são mais quentes e a noite a vida muda, com o intuito puro e simples de me fazer sorrir, ou até mesmo chorar. Nessas e noutras horas percebo o quanto Mário esteve certo quando disse dentre outras coisas que ‘só o sofrimento humaniza as pessoas’. Meus caros e raros, só quem sabe da dor é capaz de amar, portanto, choro, sofro, mas não se esqueço nunca que a outra estação logo virá.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Mais amor pra nós dois.

E essa qualidade inferior que você tem me oferecido todos os dias em que nos vemos? E a sua indiferença? Perdoe-me se for só um equívoco, mas me soa como falta de amor. Mas, preste bastante atenção, por favor. Quando digo que existe uma falta de amor, não é só em relação a mim, ok? Falta o amor próprio, falta você aprender a querer-se bem, a ter-se como alguém importante, tal como é.
Se não supro mais as suas expectativas, se não consegue mais me entregar todo seu amor, toda sua dor, tudo que de melhor, e, até mesmo de pior que há em você, adeus, meu bem. Meu desejo não é fazê-lo sofrer, nem acorrentá-lo a uma relação de ódio, só para escrever nas redes de relacionamento que o que sentimos é amor. Nada de agir com imaturidade chorar litros de lágrimas, existir por anos, sem se permitir viver. O tempo em que fomos cúmplices foi delicioso, e, se ainda assim tiver que acabar, vou sentir a sua ausência, não tenho medo e nem vergonha de te contar. Contudo, acredito ser por vezes pior, fingir que as coisas estão bem, enganar a nós mesmo, abrir feridas que demoram tempos para cicatrizar.Você decide me querer também? Se você disser que seus dias são menos coloridos quando não estou e que você antes de dormir ainda se lembra de mim, eu recomeço, sem medo de errar o caminho e ter que retornar. Comigo não existe terror por ser deixada, só existe o medo de não ser por completa, de não ter alguém por completo. São laços profundos que não cabem em linhas de poemas, que não vale a pena tentar explicar, mas eu quero que a escolha seja sua, será que você ainda consegue nos amar ? Amar-se acima de tudo, para então me amar? Desejo mais do que sorte, desejo amor, para nós dois.

Mais amor - Dara Bandeira

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O vento que aquece.

O vento bate tão forte, os vidros não exitam em tremer, em demonstrar o fenômeno da natureza que ocorre logo ali, atrás da minha janela. Já é noite e sei que já deveria estar dormindo, mas decido chegar mais perto, decido respirar fundo a brisa lá fora. Deixo as cobertas de lado e permito o esfriar do meu corpo, contudo, espero que o vento esquente a minha alma e acalme o meu coração. Espero que ainda longe do sol, me sinta aquecida, abraçada pelo inverno passageiro, que com a luz do dia logo se dissipará. A noite passa que nem percebo, escuto o barulho das árvores próximas balançando, vejo a folhagem verdinha cair no chão, ouço o tique-taque do relógio de pulso, que se torna alto a essa hora da madrugada. Percebo que meu coração bate tão forte, sinto o pulsar das minhas veias, posso contar, sem tocar meus pulsos, todos os meus batimentos.
E é como se eu dançasse a música que o vento, é como se a melodia me embriagasse, é como se ele fosse a melhor companhia daquela noite. Noite na qual a lua fazia o papel das velas e o vento fazia o papel mais importante, o papel que sobrou nessa história. O vento fazia o seu papel de companhia que aquece, que me desperta a noite, me surpreende, me faz olhar tudo de forma inovadora, que me faz sonhar.

O vento - Dara Bandeira