sexta-feira, 23 de março de 2012

Essa tal liberdade

Hoje fui a um café cumprir meu ritual das segundas. É isso, tenho um ritual as segundas! Além de escrever para o ‘Segunda-feira eu recomeço’ eu costumo tomar café, em um café perto do meu local de trabalho. Afinal, em casa é algo muito improvável, são atrasos demasiados, são poucas horas para viver a manhã.

O rapaz, com aparentemente 32 anos, dizia a outro cliente: ‘ Mas aquela esposa do Walter não dá folga a ele, ela não deixa o cara respirar, meu irmão. É por isso que eu não caso, quero a minha liberdade. Eu casei mesmo foi com isso aqui, com meu comércio. Deus me livre mulher atentando minha vida.’ Juro que no momento eu pensei... ‘ Meu Deus, por que expor tanta fragilidade e insegurança em uma frase só?’ Vivemos em um país repleto de liberdade, é um tal casar e separar sem fim. Vivemos no melhor destino gay do país, com direito a selo de condecoração e o cacete. Temos milhares de pessoas ‘casadas informalmente’ e não há lei que desfaça esse tipo de relação. Ser solteiro não é mais, necessariamente, sinônimo de estar sozinho.

Agora, haja paciência para ouvir papinho de homem solteiro convicto, bancando de superior. E outra, peço paciência para aguentar as mulheres que afirmam que homem nenhum presta, mas caem de amores pelo primeiro bonitinho rico que aparecer.

Deixa cada um ser o que quiser ser, deixa cada um se submeter ao que quiser. Mas não me venha com discurso machista/feministas. Somos todos livres, não é isso que andamos pelas ruas falando? É uma liberdade vigiada, contestada, concordo. Mas é uma libertinagem, ops, uma liberdade como nunca vimos antes no mundo. Agora me diz: dar satisfação para as outras pessoas é sinal de liberdade? Gritar aos sete ventos que é solteiro e convicto é liberdade? Se for para respeitar, submeter e dar explicação, que seja a alguém que gosto, porque o rapaz da mecânica especializada que vigia a vida dos outros, não se encaixa nesse perfil. E as pessoas que acompanham a sua vida nas redes sociais, mocinha, sempre vão ver a sua contradição quando você aparece apaixonada, dizendo ter achado o homem da sua vida. Chego à conclusão de que liberdade não é pra quem quer, é pra quem pode.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Nossas Urgências

Fico um tanto preocupada quando percebo que nós temos uma mania de viver apenas as nossas próprias urgências. Nossos problemas são sempre os mais complicados. Nossos desamores, nossas dores, nossos conflitos familiares ou até mesmo os nossos conflitos interiores, são sempre os mais importantes. Como às vezes é difícil ouvir uma história até o fim, como é complicado nos compadecermos da dor das outras pessoas. Nos comovemos só com os absurdos ocorridos do outro lado do mundo, contudo, esquecemos que existem absurdos, aparentemente menores, na vida de um alguém tão próximo. Dizer coisas bonitas e comoventes pode ajudar. Escrever, compor, cantar, dançar, sair, chorar... Tudo isso talvez ajude também. Mas, a forma mais bonita de ajudar, seria nos desapegarmos de tudo que é nosso e ceder, antes de palavras escritas ou faladas, um minuto das nossas vinte quatro horas diárias para amar a vida de uma outra pessoa. Não digo amar na euforia de um momento bonito. Digo amar, sem motivos tão óbvios, sem pressões de datas comemorativas e momentos que parecem encaixar um ‘ Eu te amo’.

Não sei mais se existe um jeito certo de fazer e sentir as coisas, não sei se existe um jeito certo de demonstrar carinho por uma outra pessoa. Não sei se existe uma maneira menos dolorida de dizer que existem urgências acontecendo e elas não são as nossas. Só sei que hoje parei alguns minutos do meu dia, um tanto corrido, e pensei com tanta força sobre isso. Esse nosso egoísmo exacerbado, essa nossa falta de altruísmo, essa nossa falta de entrega, de doação. Hombridade, já ouviram falar sobre essa palavra? Já olharam no dicionário o significado? Prometo que vale muito a pena. Deveria ser pré-requisito para vida o exercício da hombridade, sabe? Uma vida doada, ainda que não pareça, torna tudo tão mais fácil pra quem recebe, mas, sobretudo, pra quem entrega.



‘E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida.’

segunda-feira, 19 de março de 2012

Aos Meus

Não me surpreende nada que os amigos signifiquem tanto em minha vida. Cada um, a sua maneira, são essenciais para que eu continue, apesar dos pesares todos. E eu faço questão de dizer isso, seja através de textos ou de qualquer outra forma. Eu sinto necessidade de comunicar o quanto cada um é importante.

Eu li certa vez, que um talo de girassol não suporta o peso da flor. Estranho, né? Logo o talo, que está ali pra dar suporte e firmeza, não aguenta a flor. Ele, que é do mesmo gene, da mesma família... Ele não suporta o peso da flor. Pensando nisso, acho que podemos usar como metáfora pra vida.

Às vezes, pra quem está mais próximo, pra quem tem ligação sanguínea conosco, aqueles que foram criados para nos dar suporte, eles não conseguem a aproximação que os amigos conseguem. Talvez as mães vão dizer ‘sou amiga da minha filha’, mas todos nós sabemos o quanto é importante se sentir amado por alguém, um alguém que não tem motivos óbvios para nos amar, respeitar, ajudar, suportar, mas, mesmo assim, o fazem.

Eu leio esses textos clichês sobre a importância da amizade, o entendimento dos ciclos, os possíveis desencontros, as mudanças de interesses, as brigas e nada me faz mudar de pensamento. Parte do que eu sou, devo a cada um dos meus amigos que me ajudaram muito, quando nada parecia dar certo. Ou, quando tudo era muito bom e brindávamos à vida, aos amores, ao dinheiro, e a todas as coisas boas que poderíamos ter.

Talvez daqui quatro ou cincomeses, os e-mails não sejam tão rotineiros, as ligações menos ainda, as visitas se tornem mais eventuais, mas, ainda assim, as marcas que cada um deixou em mim vão ficar. A maneira de falar sorrindo, a maneira de enxergar a vida, a forma de acreditar que o amanhã é logo ali. Tudo isso, independente de qualquer coisa, vai permanecer. E são por todas essas marcas que eu os julgo preciosos, amados, queridos, bússolas, presentes de Deus. Obrigada por mais um ano. Obrigada por me fazerem acreditar na beleza da vida, no amor das pessoas e, sobretudo: obrigada por acreditarem em mim.

Com todo amor de sempre,