quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Era você

Era você que passava pela rua, tenho certeza de que era você. O seu gesto simples de passar a mão pelos cabelos, de ajeitar a franja como quem mexe em um bibelô. Era você porque eu te vi entrando na lojinha de produtos naturais e comprando aquele chá de sempre. Eu te vi sorrindo, com seu jeito de conquistar o mundo, com seu jeito de desarmar os vendedores todos. Eu te vi carregar o guarda-chuva enorme, arrastando com a ponta no chão. Eu te vi correndo pra atravessar, e ali tive certeza de que era você. Passando apressada entre aqueles camelôs todos, negando oferta do office, do Corel, do photoshop. Eu te vi entrando no metro, conferindo o lado de embarque, olhando o celular. Eu te vi de longe e sabia que era você, em todo tempo. Eu te reconheci. Eu só não me reconheci, não reconheci a minha falta de coragem de gritar seu nome. De dizer que estava ali e que tudo em você me encantava. Eu não entendi minha impotência, meu medo, meu amor contido, meu vexame. Eu te vi a andar pelas ruas e nos momentos em que tive dúvida se era você quem eu via, é porque eu não me via ali, caminhando de mãos dadas com você. Eu não me via cuidando para que tudo acontecesse na ordem natural das coisas. Acho que não era eu. Acho que não era você.

Ainda dá tempo

Hoje é o último dia do mês e eu tive muita vontade de pegar a minha lista de propósitos para o ano. Em 31 dias o que eu fiz pra mudar, pra ser melhor, pra evoluir? Em 31 dias quantas vezes eu elogiei, quantos filmes assisti, quantos livros eu li, quantas vezes eu deixei pra lá? Quantas vezes me coloquei à disposição para ajudar um desconhecido? Em 2013, que os nossos prazos mudem. Que a nossa mente se renove a cada instante, que a gente seja capaz de estourar uma champanhe e celebrar vida nova todos os dias, ainda que simbolicamente. Que a gente renasça pro mundo e, principalmente, pra nós mesmos. Que a gente retome amizades, refaça laços, esqueça desamores, ouça mais, ria mais, celebre mais. 31 dias já se foram, mas, pelas minhas contas, ainda restam 334. Corre, que dá tempo de ser feliz.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sobre os mal educados

Eu tolero as pessoas que são mal humoradas, têm dias que acho graça. Suporto as pessoas negativas, porque já entendi que nem sempre ser positivo é funcional, afinal, do que adianta a positividade sem ação? Eu convivo e amo com os vivem fora do seu tempo, os alternativos, de toda crença, cor, sexo. Mas os mal educados eu não consigo. Das pessoas que são insensíveis às necessidades dos outros, das que se acham donas da verdade e não sabem ouvir. Só sabem falar, falar e falar. Eu tenho preguiça de gente mal educada, porque gente mal educada não se dá a oportunidade de aprender com os outros. Gente mal educada parece que não sente, não vibra. Gente mal educada me soa como falta de amor. Então, aos mal humorados ou mal amados: mais amor, por favor.

O resto vem

Alguém me disse uma vez: Faça o que estiver ao seu alcance, o resto te acompanha. Tenho consciência de que é bem isso, sempre tive. Hoje talvez tenha mudado a dimensão do que está ao meu alcance. Sei do muito que me cabe e sei da responsabilidade que eu tenho de ser uma pessoa feliz e, consequentemente, fazer outras pessoas felizes. Talvez pareça injusto ser assim, responsável. Mas é seguro, nos faz forte, nos faz querer as coisas com mais afinco. Como se a nossa vida dependesse disso e, no fim das contas, a gente percebe que ela depende. Escolha, então, uma forma de ser feliz. Escolha um caminho, tome-o como verdade e siga em frente. Porque aí é que reside a felicidade: em seguir em frente, independente das circunstâncias. É fazer o que está ao seu alcance. Por você, pelos seus e pelos que não são seus. Esteja próximo, porque, por mais incrível que pareça, quando se está ao alcance das pessoas, o mais ajudado somos nós. Não os outros. Vamos em frente!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Função original

Quando as coisas passam a ocupar a sua função original, arrisco dizer que é o fim de um ciclo. Às vezes doloroso, noutras horas nem tanto. Quando uma roupa vira só uma vestimenta qualquer, quando você não usa pra levantar a autoestima, porque qualquer elogio não vai fazer a menor diferença. Quando você para de ouvir uma música, porque não faz mais sentindo implicar com o gosto musical do outro, ou quando você para de ouvir toda a sua playlist... porque ela faz sentido, alimenta suas lembranças e te faz querer o que não está mais ao seu alcance. Quando as pequenas alegrias, todas elas, resumem-se aos momentos em que você se esqueceu de que está só, e, mesmo assim, vai ter seguir em frente. Quando você tira o telefone do gancho, pra ver se está funcionando. Checa a caixa de spam, checa até a caixa de correio. Olha o sinal do celular, pra ver se não está sendo boicotado pela operadora e descobre, enfim, que a única pessoa que se boicota é você mesmo. Quando dá uma saudade enorme e você tenta substituí-la por momentos ruins, para que, racionalmente, seu corpo entenda que a distância uma hora vai fazer todo sentido. Quando o café, a tortinha de maçã, o Caetano Veloso e Adriana Calcanhotto, são só o café, a tortinha de maçã, o Caetano e Adriana. Tudo com sentido denotado. Sem tirar, sem por. Sem romance, sem amor, sem conotação. Só a realidade, nua e crua.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Sobre os sonhadores

Se são dias difíceis para os sonhadores, imagine para os que deixaram de sonhar. Imagine para aqueles que desistiram de ser melhores, para os que ainda não entenderam que ego é coisa que a gente pode controlar. Imagine como deve ser difícil pra quem é cheio de si, tão cheio que não cabe e transborda. Ora, se está puxado pra quem é do bem, pra quem é carregado de força, de fé, de axé, imagine pra quem não é. Imagine se não tá pior pra quem não pensa no outro, pra quem é egoísta, pra quem não sabe agradecer, abrir mão, deixar pra lá. São dias difíceis, são dias muitos difíceis. Mas dá pra melhorar. Boa semana ♥

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sobre você

Porque eu gosto do teu corpo, do jeito que você se reiventa. Gosto do jeito que você morre pra nascer de novo, todas as manhãs. Eu gosto do seu jeito de demonstrar amor. Eu amo o teu mau humor matinal, que me faz rir. Eu amo sua sensibilidade, sua fragilidade, seus olhos atentos. Me perco no que eu sou e no que eu sou sem você. E é por essas e todas as outras coisas que espero, ansiosamente, todos os dias, pelo amanhecer.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Estou feliz por você

Estou feliz por você que consegue rir de si mesmo quando tropeça, ou quando acha algo que perdeu faz tempo, num lugar óbvio. Estou feliz você que consegue achar graça quando percebe que pegou o ônibus que dá a volta no mundo antes de chegar ao itinerário. Feliz por aqueles que ficam felizes com brigadeiro de colher no horário de trabalho. Que ficam felizes com ingresso para a peça mais badalada do ano, ou com Karaokê bagaça com os amigos. Feliz por você que consegue rir quando dorme e passa do ponto. Que consegue rir quando vê fotos antigas. Consegue rir porque está vivo. Porque sorrir é agradecer, é iluminar. Estou feliz por você. E pra quem não consegue, tudo bem. To aqui na torcida, mas não demora. Desse lado é mais legal.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Que fique reservado

Que fique reservado a todos o direito de se sentir triste. O direito de sofrer por uma dor. O direito de chorar porque alguém prometeu que seria pra sempre e, de repente, se foi. Que fique reservado a cada pessoa, o direito de se sentir enganado, frágil, incompreendido. E o direito de se saber ótimo, inteligente, altruísta e, ainda assim, nocivo quando magoado. Que fique reservado o direito de querer estar só, de chorar baixinho no trabalho e depois dizer que foi só a alergia que voltou. Que fique reservado o direito de recolhimento, mesmo quando há a certeza de que um dia passa. Afinal, sempre passa. Tudo. Até a tristeza.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Pra mim e pra você

O tempo vai passando e acho que, proporcionalmente, aumentam as dúvidas todas. Há poucos dias ouvi que tinha muito a aprender. Oras, nunca tive dúvidas sobre isso. É uma pena que nem todos consigam entender que quanto mais tivermos consciência da nossa própria ignorância, mais chances temos de aprender, crescer, ensinar. Talvez a pouca idade seja o indicador de que há muito ainda o que viver. E, pra aproveitar o verso eu digo: Vamos nos permitir. Mais sorrisos, mais conversas casuais. Mais riscos, mais fé, mais amor, mais verdade, lealdade, hombridade. Que não falte motivos para celebrar. É o que eu desejo pra mim e pra você.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Inteiros

Li uma vez que pela metade a gente não deve aceitar nem comprimido de calmante. Acho que quem escreveu tem um pouco de razão. Na verdade, muita razão. Somos tão bonitos quando somos por inteiro. Quando a gente chora, liga pro amigo de madrugada, perde o sono, o tino, a força. Somos bonitos até quando sofremos e é de verdade. Somos inteiros exatamente ai, quando somos de verdade. Quando a gente se dá conta de que não vai viver nada parecido, mas decide seguir em frente. Quando a gente assume a própria fragilidade, mas sabe que não deve se entregar. Somos por inteiro quando pertencemos a nós mesmos. Quando acreditamos na felicidade. Quando agradecemos, quando elogiamos, somos verdadeiros. Somos bonitos assim, fortes ou fracos. Acompanhados ou sozinhos. Inteiros ou inteiros. E talvez por isso, não faça sentido algum aceitar alguém pela metade.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Para transcender

Eu continuo acreditando que o amor é o único sentimento que modifica, que faz as pessoas transcenderem, se elevarem espiritualmente. Mas o amor é tão confuso em si. Na verdade, não é o amor que é confuso, somos nós. Nós que misturamos mil sentimentos, bons e ruins, e, num denominador comum, nomeamos de amor. Nós que não conseguimos receber o amor. Não sabemos reconhecer que ele está nas coisas mais simples. Pra sermos mais, por vezes, precisamos dar um passo atrás. Para crescermos e passarmos a entender os próprios sentimentos, é preciso silenciar a alma. É preciso fazer menos barulho. É preciso amar quietinho. Sermos menos, pra só então, entendermos o que é ser mais. Sem alarde. Boa semana.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Saudade mata a gente

Arrisco dizer que a pior das saudades é aquela que você pode suprir, mas não deve. É quando uma ligação bastaria, mas você já não sabe se deve ligar. A pior saudade é a saudade que consome os pensamentos, a saudade onde tudo faz lembrar. A pior de todas as saudades é amanhecer lembrando que viu o dia ficar claro com a esperança da saudade passar. É sentir o cheiro, é sentir o toque, é ouvir a risada, isso tudo numa ausência cotidiana. Saudade ocupa espaços físicos e emocionais.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

2013.

Pronto, acabou. Eu vi os fogos de pertinho, como de costume. Tão bonito. Parece que a cada formato que os fogos vão criando, é um desejo para o novo ano que chegou. A cada abraço compartilhado, parece que se renovam as esperanças. Esperança de que seremos mais e melhores uns para com os outros. Esperança de renovação, de mais força, mais fé, mais coragem. O ano acabou, os fogos estavam lindos, e, como já disse, eles dão ânimo novo. Como durante o restante do ano não temos os fogos, que sirva o brilho da lua como fonte de inspiração. Ela também estava linda e todo quase todos os dias ela está ali, pra renovar as esperanças. Feliz 2013 e sorte para nós e os nossos.