- O que você pretende fazer agora?
- Bom, pretendo viver, querido. Pretendo não deixar que os dias passem sem que eu tenha motivos de sobra para sorrir. Pretendo nunca mais deixar que alguém, assim como você fez, pause momentos, me impeça que eu queira ser mais, que eu seja mais. Agora preciso (re) aprender a me amar, a gostar dos meus traços, a gostar do meu jeito maduro, às vezes formal demais. Preciso retornar, é isso que preciso: RETORNAR. Você me ensinou muita coisa, meu bem, ainda que de um jeito meio torto, chamaria até de psicologia reversa, talvez. E com toda certeza você afirmou o meu pensamento sobre o amor. Se eu pudesse ter te ensinado uma coisa nesse tempo que ficamos juntos, queria que você tivesse aprendido que amor exige, dentre outras coisas, cuidado. Então, daqui pra frente, cuidado... Muito cuidado. Ou vai acabar se perdendo do amor.
- Eu só queria te levar em casa, por isso a pergunta.
- Não se preocupe tanto comigo, eu ainda sei o caminho de casa. Pense um pouco em você a partir de agora. Ache os seus caminhos, ou melhor, refaça-os.
Ela beijou-o docemente na testa, saiu do carro e chorou as últimas lágrimas que choraria por ele.