quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sobre a morte

A morte sempre me lembra o quão frágil nós somos. E parece que passamos a vida toda sem nos lembrarmos disso. A cada pessoa que se vai, lembro que a vida só vale à pena se tivermos a quem amar, se deixarmos nosssa marca. Parece cliché dizer tudo isso, mas é ruim demais perder alguém sem poder dizer o último "amo você". É ruim não ter dito que a pessoa é especial, que cozinha bem, que tem sempre as melhores histórias, que inspira pra vida. Por essas e outras, ame, deseje o bem e revolucione.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Marcha das Vadias e a intolerância

É complicado entender algumas coisas no Brasil. Nós, enquanto mulheres, conquistamos ‘muita coisa’ nas últimas décadas. Nós temos o direito ao voto, nós estamos representadas em todas as profissões, nós lutamos para a equiparação salarial e, por último, mas não menos importante, agora tempos uma mulher nos representando politicamente. Nós atravessamos uma revolução sexual – embora eu não goste de usar o termo revolução – e não há como negar que, por mais que muita coisa tenha sido conquistada, ainda há muito para mudar. Precisamos quebrar muitos paradigmas, preconceitos, pensamentos obsoletos e machistas que não cabem em uma sociedade que se julga em desenvolvimento. Acho que como disse o Sakamoto em uma de suas publicações, nós estamos longe de manifestar nossos sentimentos livremente e aí que surge todo o problema. Nós não quebramos alguns tabus, nós não reconhecemos o nosso próprio preconceito. Se você não se encaixa num padrão já pré-estabelecido, está pedindo pra apanhar, pra ser abusada, pra ser motivo de chacota. Eu sei porque já fui, ainda sou. Se a regra é que homens jogam futebol e meninas dançam balé, não seja diferente. Se menina só pode beijar menino, quem sou eu para me apaixonar por uma garota? O problema é que isso não fica só no âmbito familiar, a sociedade nos impõe isso, o tempo todo. Nós não podemos muitas coisas e não há um motivo lógico. É pura e simplesmente pela intolerância e pela manifestação de violência gratuita. Parece que não ser padrão proporciona esse sentimento. Triste, mas real. O Brasil se preocupa com educação, com violência, mas não percebe que muitos problemas sociais enfrentados pelo país poderiam ser evitados com a propagação da tolerância, com o aceitar o outro como ele é, independente do gênero, da opção sexual, da nacionalidade. Tolerar e Respeitar. E quando digo não é tolerar a minoria, até porque, segundo a última pesquisa, as mulheres são maioria. Eu falo de tolerar o outro. Independente de.... A marcha das vadias é uma manifestação que prova que há muita coisa velada, há muito para ser divulgado. Se eu contar parece mentira, mas, sim, há mulheres que apanham e são violentadas verbal e fisicamente porque se “vestem como prostitutas”. Por isso, meninas, não usem o uniforme da prostituta. Sigam o padrão, sigam as regras impostas, é o seu carma, é sua sina. Século XXI, fim de doenças raras, avanços tecnológicos, mundo pós-modernos, crises da pós-modernidade e somos obrigadas a conviver com situações que me fazem repensar todo esse avanço. Desculpa, mas a culpa não é minha. Não são as meninas que andam fora da linha. Desculpa, mas eu me visto como eu quiser, ouço o que eu quiser, beijo quem quiser, leio o que quiser. Deram-me o direito de usar meu cérebro e isso é o que de mais valioso eu tenho. Não posso abrir mão.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Quem perde é você

Quando você desiste de uma pessoa porque ela parece ser tempestuosa, ou tímida, antipática, rude, seja o que for, você perde a chance de tornar-se uma pessoa melhor. Você que não testa a sua capacidade de aprender a conviver com a diferença. Você que perde a possibilidade de descobrir o que há por trás do achismos e preconceitos. Você que perde a chance de ter um amigo que não é igual a você, mas te ensina, te dá outro ponto de vista. Você perde a chance de ter, no mínimo, uma observação 'antropológica' de um outro mundo. Você perde a chance de parar de olhar para o próprio umbigo e enxergar que ainda há muito há ser vivido. Quem perde é você.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sobre a Beleza

É bom alertar, já que não tenho costume de fazer isso, que o texto não é meu. Mas me identifiquei tanto, mas tanto, que resolvi quebrar o protocolo. A autora, Rosana Hermann, é fantástica, vale assinar para receber as atualizações no Facebook.
Eu sempre quis ser bonita. Muito bonita. Não rolou. Todo meu esforço, no máximo, termina em elogios como 'você está elegante', 'ficou ótimo pra você' e outras gentiliezas que o mundo me oferece de forma benevolente pelo meu esforço em oferecer uma imagem agradável. O fato é que, bonita, nunca fui. O mundo gosta de pessoas bonitas, da beleza. Porque a beleza, em última instância, é algo que a pessoa oferece para os outros. Os outros se beneficiam de forma imediata dessa beleza. É como um encantamento. A pessoa chega e encanta. Em geral, todos querem servir, agradar a pessoa bela. A beleza faz com que as pessoas queiram abrir portas para você. Ocorre que o mesmo mundo que premia a beleza e acha lindo que a pessoa saiba e aceite que é bonita, não admite que nenhuma pessoa inteligente diga que assim o é. A menos que a pessoa inteligente e linda, ela não poderá jamais tocar no assunto. Porque a inteligência, ao contrário da beleza, não parece ser um dom coletivo. Embora a produção da inteligência tenha deixado grande legado para toda a humanidade, as pessoas preferem gênios mortos a inteligentes vivos. Se a beleza estimula o outro a tentar ficar mais belo, a inteligência muitas vezes gera desconforto. Quando a criança é ainda pequena e inteligente, ela é vista como precoce e gracinha. Ao se tornar adulta, porém, o encanto some e fica apenas a obrigação de ser humilde, muito humilde. Há que se tomar cuidado para não ofender ninguém com um raciocínio. Sempre quis ser linda. Não deu. Mas desde cedo percebi que algumas coisas pareciam fáceis na minha cabeça, como se eu já tivesse nascido com alguns aplicativos que cortavam caminhos. Eu aprendi depressa, imaginava, criava soluções, via saídas. Minha vida confusa e destrambelhada só foi possível porque tive esse agente facilitador, essa dádiva. Em vez de beleza, voz bonita e tudo mais, rolou de ter esses softwares préinstalados. Foi assim que sobrevivi, criei meus filhos, arrumei trabalho. Acho que na maior parte dos anos eu passei juntando minha caixa de ferramentas, que inclui agulhas de costura, crochê, tricô, aplicativos, programas, martelos, chaves de fenda, canetas, teclados, colheres, canivetes e tudo o mais que aparecesse na minha frente. Não sou um gênio,não tenho títulos impressionantes, não ganhei um Nobel, não sou consagrada. Mas eu tenho aquilo que todas as pessoas inteligentes, esforçadas, corajosas têm: independência. A inteligência não apenas rima com independência, ela viabiliza muita coisa em sua vida. Outro dia, eu precisava resolver um problema de trabalho. Nâo estava dando certo. Até que lembrei de duas ferramentas e montei uma solução. Funcionou. Fiquei feliz. Não tenho quase ninguém com quem dividir essas alegrias bobas, a não ser com algumas pessoas com quem trabalho. Certamente não posso postar autoelogios ou alegrias desse tipo de forma aberta na web, porque isso resulta sempre em uma saraivada de ofensas, gritos de ódio apontando minha falta de humildade, tomates podres atirados por todos os que se incomodam com tudo. Então eu levantei para lavar as mãos e, no caminho, parei para conversar com a Ju Mosca, que é jovem, graciosa, peculiarmente bonita e muito inteligente. - Ju - eu disse - eu queria dividir uma bobagem com você, porque com você eu sei que posso. - Diga - Fiquei tão feliz agora em encontrar uma solução. Fiquei tão grata ao mundo por ter uma inteligência que me atende, que resolve. - É, ser inteligente é muito legal. Faz a gente ser independente. - É, mas eu sempre quis ser bonita. - Mas a beleza passa, muda. A inteligência só melhora com os anos. - Eu acho bacana gente bonita. O problema é que ser bonita acaba levando pra muitos caminhos de dependência. A pessoa fica dependente do elogio alheio, da paparização. A beleza precisa do outro. - A inteligência permite que você resolva muita coisa sozinho. - Verdade, Ju. Acho que a diferença é que a beleza faz com que as outras pessoas abram portas para você. - E a inteligência faz com que você mesma consiga achar soluções para abrir todas as portas. - E o conhecimento é a soma de toda inteligência humana, ali, pronta pra você usar. O conhecimento, como num passe de mágica, para belos, tolos, feios e sábios, apenas diz: abracadabra. Rosana Hermann

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sobre as mulheres

Tá rolando uma teoria sobre mulheres no trabalho e eu gosto de parafrasear Charles Bukowski, quando diz que para se recuperar de um desamor de uma mulher, somente conseguindo outra. E, assim que você estiver recuperado (a), ela te deixará. Ai você dá um choque de realidade, samba na cara dos contos de fada, mas é aceita. Sério mesmo, meu sonho é ver a branca de neve aprendendo a gostar do do caçador. Vivendo com ele, amando, aceitando.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Paciência

Se eu contar que fui ao dicionário procurar o significado da palavra "Paciência", você acreditaria? Eu preciso descobri onde perdi, preciso que entreguem no achados e perdidos. Antes que eu me perca de vez. Paciência: Virtude que faz suportar com resignação a maldade, as injúrias, as importunações, etc. Perseverança, constância. Qualidade de quem suporta males ou incômodos, sem se queixar. Resignação. Sangue frio. Insistência tranquila em trabalho difícil e longo.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sobre as simulações

As pessoas têm muita necessidade de serem vistas e acho legal a reação delas diante de uma câmera. Acho que a câmera produz acontecimentos, as pessoas mudam o jeito de andar, mudam a feição, mudam a pose, as pessoas ajeitam o cabelo. Tudo pra minha lente. Tudo para parecer ser algo. É como se eu tivesse um desses biscoitos para adestrar cães, sabe? Eu aponto a câmera e pronto, ele deita, rola, cumprimenta.Intrigante. Mais intrigante é perceber que nada é o que parece, né? Uma fotografia ou um arquivo de vídeo é uma seleção de momentos. Cada vez que fotografo alguém percebo que a gente pode simular, o tempo todo

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Traumas da infância

Não sei se todos vocês acompanharam a repercussão do caso de uma mulher de 38 anos, chamada Luciane Nunes. Ela processou o pai por abandono afetivo. É isso mesmo, o pai da Luciane vai ter de pagar R$ 200 mil à filha por não ter cumprido o seu papel enquanto pai. Acho um tanto complicado essa situação, porque muita gente, e me incluo nisso, não teve a presença de um pai. Também teve lá os seus traumas, as substituições, a meia-culpa de algum familiar próximo. Mas, gente, é preciso superar. As pessoas deitam em cima do trauma da primeira infância e usam como desculpa pro resto da vida. Fora que a justiça está julgando fatores extremamente delicados, ligados a sentimento e tal. Mas não é sobre isso que quero falar. É sobre todas essas coisas de infância, de trauma, de processo. Gente, traumatizou? Psicólogo, análise, búzios, tarô, macrobiótica. Só não estaciona. Não pare, porque o mundo vai seguir enquanto você se recupera do abandono do seu pai quando você tinha 5 anos.