quinta-feira, 25 de março de 2010

O tudo e a entrega

Toda nossa prece, toda nossa súplica e oração. Todos os nossos temores, todas as nossas dores, todo nosso ateísmo, todo nosso individualismo pagão. Tudo que nos faz sermos quem somos, tudo que diminui um pouco do que éramos antes, tudo que completa, tudo que deixamos, tudo que agregamos valor. Toda nossa fala, todo nosso gemido, todo nosso grito, toda nossa voz sem razão. Todo nosso pensamento, todas as nossas noites mal dormidas, todos nossos dias mal vividos, toda nossa esperança de um dia melhor. Tudo que queremos e sonhamos ser, sempre será nosso, até o dia que reconhecermos que é a hora de entregar, de não nos preocuparmos com que há de vir.Enquanto isso espero, ansiosamente, pelo meu dia.

O tudo e a entrega - Dara Bandeira

domingo, 14 de março de 2010

Aliviar

Hoje tente aliviar, meu caro.E eu não falo de aliviar a dor de dente, ou quem sabe a dor de estomago que te faz até parar de pensar.Falo de aliviar o fardo, de suavizar o peso que temos medo de largar.Temos medo de desamarrar o que nos prende, afinal, nem sabemos qual dos nossos fardos sustenta a nossa personalidade.Como uma terapia, uma forma de alegria, mesmo que de noite quando ninguém te vê, ou quando está de frente para o espelho, maior amigo que você pode ter, sugiro-lhe DANÇAR.
Dançar com todo o corpo, sem excluir nenhuma parte.Dançar com os olhos, dançar não só com os gestos, mas brincar com a ausência do movimento, que é também, forma bonita de expressão.Fazer disso a forma de aliviar a tensão, aliviar as dores, aliviar aquela culpa, aliviar simplesmente, entende?Sem medo de deixar para trás.Imitando o vai e vem da vida, imitando as voltas que ela dá. Imite, sorria bonito, cale aquela vontade, seja mais leve, expresse-se.Acredite que pode ser mais mesmo abrindo mão do que ficou para trás.Religue-se somente ao que foi bom e como um prato de sobremesa, deguste do prazer que é fazer da dança, uma forma de aliviar.

Aliviar - Dara Bandeira

quinta-feira, 11 de março de 2010

Expectativas

Horas de conversas sensatas, horas sorrindo com tanta verdade, largando de lado toda dúvida, todo temor e insegurança. É como se o tempo parasse ali, naquele instante, é como se nada em volta fizesse mais sentido, a sua companhia na verdade era o sentido, a razão e o que eu queria. Eu juro que eu tentei, eu deixei que sentimentos fossem criados, eu deixei meu coração gostar novamente, querer bem novamente, eu deixei. Mas acho que houve ruído na transmissão da mensagem, acho que nada foi compreendido como deveria ter sido, eu tola mais uma vez esperei demais e todos sabem que o segredo é não esperar por nada, só assim as nossas expectativas serão superadas e poderemos sorrir ao final dia. Não quero dizer que hoje, noite de quente de janeiro, eu não esteja sorrindo, mas não é o mesmo sorriso de sempre, é como um sorriso de quem se conforma e diz que foi bom enquanto durou. E aquele mesmo sol que derreteu todo o gelo que existia em mim, foi o que me secou por dentro.

Expectativas - Dara Bandeira

terça-feira, 9 de março de 2010

Cartas que eu não mando

Sei que cartas não estão mais na moda, mas desde quando nos importamos com moda, não é mesmo? Éramos o casal mais ‘démodé’ na nossa juventude, diria até um tanto vanguardista.
Para ser sincera escrevo para contar as novidades, dizer que o Noah cresce assustadoramente e que, por enquanto, não planejo mais filhos. Para dizer que perdi minha mania de cantar músicas indies antes de dormir, mas que ainda durmo de meias no inverno. As suas cartas, seus poemas, nossas músicas... Eu ainda guardo em uma caixa e relembro de vez em quando.
Escrevo para dizer que sinto saudade do seu perfume doce, dos seus livros empilhados na estante, das suas surpresas no fim da tarde. Ainda lembro de você todo dia 22, lembro que todos os meses, nesse dia, eu recebia flores amarelas que desfaziam qualquer mal entendido.
Peço perdão se está dando a entender que estou querendo invadir sua vida outra vez, mas é que tivemos momentos tão bonitos e até hoje sinto muito por ter te perdido. Lembro perfeitamente que foi em você, aquele menino desajeitado, que eu me encontrei. Escrevo só para agradecer, e ao mesmo tempo lamentar.

Cartas que eu não mando - Dara Bandeira

sábado, 6 de março de 2010

Construção

' Depois de analisar cada detalhe, eu pude perceber o quão tola fui por não perceber quantas coisas maravilhosas o amor constrói. É como se cada respirar meu fosse um sinal de que o amor ainda permanece, que ele desfaz sentimentos ruins, ele nos faz recomeçar. E se hoje eu pudesse fazer tudo outra vez, eu optaria por amar e amar, em todas as situações que fui indiferente. '

Construção - Dara Bandeira