segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Noite dançante.


A noite é fria e convidativa, o clima parece hostil gélido, mas ele resolve tentar.
A mente dela vagueia, mas ele e a música a enlaçam de uma forma surpreendente. Ele a segura pela mão, com o olhar a convida para dançar. A música é a favorita, ele é o favorito, ela, não preciso nem poetizar. Ela já é poesia por si só, ela foi a menina que ensinou o rapaz, sério e contido, a amar. A troca de olhares, a sinestesia, a taquicardia, a respiração ofegante, quente. Os passos se encaixam perfeitamente, aqueles cinco minutos eles parecem não ver passar. E no fim da melodia eles continuam dançando, os corpos permanecem em movimento, a sensação é a mesma desde o convite do rapaz. E a cada passo é como se entregassem seus segredos um ao outro, a cada passo eles percebem que são dois inteiros, mas ainda assim, conseguem se completar. No compasso da dança eles se amam, o corpo para o movimento, mas a mente não.


Dança dos corpos - Dara Bandeira

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Não vou pisar em você.



Degraus de escadas íngremes, de ter que ter força para subir. Degraus bem construídos, medidas corretas, sem nem um milímetro de diferença. Degraus feitos com experiências, degraus que viraram conhecimentos tácitos, degraus feitos aos poucos, como quem não tem pressa de terminar. A escada não está nem no começo, mas já é enorme, cheia de peculiaridades, cheia de esforço, profundidade para desenhar.Foi assim que decidi construir, fiz questão de agir diferente de muitos profissionais que conheci. Engenheiros da vida, que usam as pessoas como degraus. Era doloroso de ver, era doloroso também, por vezes, ser esse degrau. Eu via degraus feitos com homens curvados, pessoas sendo enganadas, degraus feitos com muito cimento de maldade, de corrupção. Eu tinha medo dos engenheiros da vida, eu tinha medo do peso que é ter alguém que quer subir na vida pisando nos outros, sem ao menos se importar. Contudo, agora não mais, eu não tenho mais medo, já que pessoas assim não sabem construir por si só. Logo após de ultrapassar os homens curvados, elas estagnam, não sabem como prosseguir. E enquanto isso eu acabo de construir mais um degrau, acabo de virar a página do meu livro pessoal, acabo de adquirir material para a próxima etapa. Vejo-o parado, como um rosto assustado de me ver crescer, passar na frente, desviando o caminho para nele não pisar.
Engenharia da vida- Por Dara Bandeira

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Eram Perus .

Eu fui adestrada a ver o policial bonzinho matando o bandido covarde. Eu via os jornais e os noticiários exaltando a exímia atuação das forças armadas em todo país. Eu acreditava que ela me protegia, detendo o poder, podendo usar da força de maneira legítima, ela era além do que os meus olhos escamados podiam ver. Magnífica quando o bandido se rendia, amigável quando se tratava de um boletim de ocorrência, nunca meus olhos infantis veriam nada parecido, sabia?Aplaudia de pé, respeitava, calava ao ver um policial passar. ‘Eles grasnam como patos, voam como patos, mas quando chega de perto, são perus’, essa foi a mais perfeita descrição que pude encontrar. As notícias populares que voam por aí me deixam indignada, nunca vi tanta farsa, tanta mentira vomitada pelos meios de comunicação, pela polícia, a maldita polícia que mata. Ela não mata só bandido, todo aquele que é pobre e favelado, corre o risco de ser perseguido, de ser acusado sem ter ao menos como se defender. Malditos vermes que distorcem a verdade, malditos é isso que são. Flagrante aonde não tem, arma na mão de cadáver inocente, estraçalham não só a vida, mas a reputação de uma gente, que apesar da pobreza, era digna, honesta, elas sim são de se aplaudir. Quer me fazer engolir à palo seco essa história de serviço social ? Por favor, não me faça acreditar que a polícia que mata qualquer suspeito, tem respeito ao tratar o povo da favela, o pobre, negro, discriminado, mas nem sempre marginalizado, que a grande força armada, faz questão de assim dizer.

Eram Perus - Por Dara Bandeira

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O cortejo que é vital .

'Ela diz não saber escolher um verbo que lhe faz regozijar. Juro que tentei usar o cortejar, mas o cortejo na essência já é a crônica, a poesia, não há muito mais o que falar. Mas decidi tentar ainda assim. Que tal a vida? Permita-me afirmar que, cortejar a vida é o melhor de todos os galanteios.Quer coisa melhor para admirar? Ela retribuirá os seus abraços e assim que você sorrir, ela sorrirá para você!Quando você menos espera, ela te surpreende, abre os novos rumos, faz as novas trilhas por onde você vai andar. Galanteie, não tenha medo de se aproximar aos poucos, não tenha medo de não conseguir esconder a sua sensibilidade sem tamanho diante das coisas que ela, a vida, lhe apresentará. Chore, cante, encante, enamore com ela. Aproveite cada segundo de um dos mais belos romances que você poderá encontrar.Use e abuse do seu antigo amor, não deixe nem um dia sequer de cortejar.'

Cortejar - Dara Bandeira

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Eu sei o que você sente

'Eu sei que quando a noite chega, quando o frio começa a se fazer presente, quando a lua resolve aparecer por cima da gente, você tem saudades de me ver.Você tem saudades do meu cheiro, da minha voz estranha, da minha forma engraçada de falar compulsivamente , sem pausa para respirar. Eu sei que quando você já se despediu de todos e foi deitar, antes de o sono chegar, você recorda as nossas aventuras, desventuras de amor. Você se lembra o quão bom era os nossos dias e se pergunta o porquê de ter acabado, mas não ter tido fim, aquilo que nem lembramos quando se iniciou. Quando nos esbarramos pelos corredores da Universidade, você sorri da mesma forma, você me olha nos olhos, mas tem medo de não ser notado, de não ser visto, de eu ignorar o seu lado simpático que eu mesma criei em você. Ninguém sabe da gente, as pessoas só te conhecem de ouvir falar, mas se fascinam e querem saber da história do rapaz que me fez amar, que me vez conhecer o mundo novo, que é a mais incrível história que tenho para contar. Eu prevejo os teus sentidos, eu sinto contigo e não me envergonho de falar. Se hoje nada disso parece ter sentido, pare de mentir querido, eu sinto o mesmo que você, apesar de nem deixar aparentar.'
Eu sei o que você sente - Por Dara Bandeira

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Quando eu crescer.

E o que você vai querer ser quando crescer?
- Ah, eu quero mesmo é me tornar grande, grande de alma e de coração. Quero ser aquela que as pessoas cumprimentam na rua sorrindo, fazendo questão de parar. Aquela que não se importa de ter que ficar uma hora a mais no trabalho, já que sente prazer naquilo, veste a camisa, não tem muito do que reclamar. Quando eu crescer eu quero ser grande na empresa para qual eu trabalhar, quero que o meu chefe me conheça pelo nome, ou quem sabe, ser chefe do lugar que eu trabalhar. Quero escrever todos os dias, quero que alguém se alegre com que leu, que eu seja um impulso para que pessoas voltem a sonhar. Quero ter idéias publicitárias, textos jornalísticos, computadores a minha volta, uma redação de um jornal, quem sabe? Quero também um amor para viver e outro só para recordar, um amigo para rever e um antigo que viva lá em casa, rindo de coisas velhas e de coisas novas, revivendo histórias, fazendo parte, ajudando a melhorar.
Já ia me esquecendo de dizer, quando crescer quero ter mais de um curso superior, quero saber do que estou falando, quero ter uma opinião para dar. Quero entender um pouco de tudo, mas ter algo em que eu seja excelente, melhor do que eu mesma possa imaginar. Quero ouvir as músicas que quiser, ter uma sala só para mim, ser servida de um café e uma água depois do almoço, ter uma secretária para me passar as ligações, ter dois números de celular, um para família e outro para o trabalho, me sentir importante e ser importante, ainda que muita gente possa não notar. Quero dormir tarde e às vezes perder a hora, mas dar conta do recado, independente da hora que começar a trabalhar.
Quero ter um casal de filhos, um marido legal e um cachorro grande para o menino brincar. Lis e Noah, acho que são dois bonitos nomes, mas tenho certeza que vai haver confusão na hora de pronunciar. Quero que eles sejam parecidos comigo, pelo menos no jeito de falar, passando segurança ao se pronunciar, ainda que não entendam muito do assunto, busquem saber, para um dia poder comentar.
Quero escrever um livro também, esse é meu sonho mais antigo, acredita? Faz dois minutos que o sonhei, daqui a pouco eu esqueço, crio outro e ponho no lugar.
Eu sigo assim querendo ser grande, mas crescendo gradativamente, um passo de cada vez, sem precisar correr para chegar primeiro, já que tenho em mente que um dia vou ter o meu lugar.

Quando eu crescer – Dara Bandeira

sábado, 15 de agosto de 2009

Confiar em você.

E eu corro na cobertura de um prédio alto, esqueço a fobia, de braços abertos, de coração aquecido, pulsando forte, embriagada, anestesiada de amor.
Você está lá do outro lado, seu olhar é envolvente, parece com um brilho diferente que não consigo descrever. Você me chama pelo nome, e como em uma sessão de hipinoze eu continuo correndo, confiante porque você é tenaz, você é forte, você é quem cuida de mim.
Você dá três curtos passos e nos encontramos no fim da cobertura e me lanço em seus braços, me entrego aos seus beijos e, mais uma vez, você me seduz. Eu não me importo mais com a altura, nem com o que as pessoas vão pensar, afinal, ninguém vai naquela cobertura e se alguém chegar, você sempre sabe o que dizer, você sempre se defaz. Desmonta a cara de sedutor, desfaz o riso constante, transforma-se em homem sério que estava só a averiguar o que houve com a menina: - Ela estava desesperada, senhor sindico. Prometeu que ia daqui de cima saltar.
E enquanto o velhinho desce pelo elevador, descemos nós pela escada, paramos no penúltimo saguão e continuamos o que o senhor Paulo tentou atrapalhar.
Foi um risco eu sei, mas eu confio tanto em você, eu acredito tanto no que você é capaz de fazer quando se trata de nós dois, que eu não me importei de estar correndo riscos, eu estava com você.

Confiar em você -Por Dara Bandeira

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Parabéns Dudinha.

Bom, hoje as coisas por aqui estão um pouco diferentes. O texto de hoje é um ' feliz aniversário' para Eduarda, uma pessoa especial que chegou a pouco tempo, mas transformou a rotina, sabe como? Ela merece mais do que uns versos brancos, mas sou limitada, então eis aí o melhor que consegui para descrevê-la.Parabéns Duda.

'No começo eu não sentia nada, só sentia vontade de permanecer ali observando, tentando decifrar o que aquela menina quase mulher, queria dizer com suas risadas, com seus olhares indecifráveis, com sua incrível mania, de mesmo sem querer, me chamar atenção.
Então eu passo dias a olhar, só a olhar. Tento descobrir o porquê de ela se envolver com um menino que parece não ter muito haver com ela, mas parece ao menos ser tão legal quanto.
Finalmente trocamos as primeiras palavras, mas eu não me lembro mais quais foram.Lembro que descobri que não existia envolvimento entre eles, não havia nada além de uma amizade de anos, daquelas que as pessoas se conhecem nos mínimos detalhes. E como um vento impetuoso que passa e leva o sol embora, eu a vi fazendo parte dos meus dias, eu a vi com sua menor idade alegrando minhas noites, rindo alto no cinema, contando seus casos e acasos, chorando por coisas que já passaram, estudando para provas que também passaram, mas permanecendo firme e forte, para o que der e vier. Ela até hoje mistura os meus sentimentos, e logo os meus, que não consigo decifrar o que sou, que não consigo confiar direito nas pessoas. Ela persuade, ela me faz pensar na vida de uma forma diferente, dá um sentido novo para a palavra cumplicidade. E é exatamente isso que a traduz, sua cumplicidade sem tamanho, sua hombridade nas horas certas e incertas, sua capacidade de estar na hora certa, a dizer as coisas certas para mim, esse alguém tão incerto.
E agora finalmente ela já tem sua maior idade, agora já é quase dona do próprio nariz e fico imaginando como seria passar os dias da minha adolescência ao lado dela. Acho que teria crescido de uma forma diferente, teria tido como uma irmã mais nova, aquela que você mesmo sem querer, tem o dever de cuidar e, conseqüentemente, aprende a amar, a respeitar as diferenças, a seguir o fluxo natural das coisas. Como o tempo não volta e agora ela cresceu, eu fico com o que tenho, uma mulher madura, viva, que me dá alegria por vezes só de lembrar. Eu fico com a Dudinha, eterna Dudinha e seu sorriso faceiro, suas rimas e prosas, suas manias que são gostosas de se observar. Eu permaneço só observando, fico analisando a forma que ela cresce a cada dia, evolui, dá um passo a mais. Hoje para mim o mais interessante é poder participar dessa caminhada, participar desses altos e baixos, participar da vida da menina que conseguiu me encantar.
Obrigada

Por Dara Bandeira

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Aquela tarde vazia.

Tem dias em que não fazemos nada,mas temos tudo. No trabalho foi tudo adiado para o dia seguinte, em casa ela não acordou a tempo para fazer o que tinha planejado,mas ainda sim leva o dia de um jeito entusiasmado,abobado. Em breve as duas aulas preencherão a noite e tudo vai se repetindo, sempre se repetindo. Em casa ela ficará a espera das pessoas mais interessantes entrarem, conversarem, perguntarem as novidade e quase no fim da madrugada ela vai caçar o sono que quase nunca a procura. Ela não fez nada, mas descobriu que o colega de trabalho teve uma vida dura, mas que leva numa boa os problemas do cotidiano. Descobriu também que um deles é engraçado e que já está se acostumando em vê-la sempre por lá. Descobriu que muitas coisas melhoraram, apesar de não parecer. Ela tem uns amigos que fazem o dia dela mais feliz, que contribuem para a melhora repentina, que contribuem para manter o humor alegre que sempre teve. Ela olha em volta e não vê nada, ela ouve no fim do silêncio o barulho que o teclado da sala ao lado faz, ela escuta uma gargalhada de alguém que ganhou um jogo,escuta a gargalhada do seu interior que diz: 'As coisas estão melhorando e eu sabia que seria assim.

Aquele tarde vazia - Por Dara Bandeira

domingo, 9 de agosto de 2009

Domingo, 09.

Perdoa por favor, eu sei que agora é tarde, mas preciso, necessito acreditar que tudo está acabado, que estou perdoada, que nada me prende mais. Perdoa pela minha indiferença, perdoa pela falta de presença, perdoa por eu não ousar a perdoar, a me entregar, a prosseguir a caminhar, apesar dos pesares, apesar de todos os males.
Perdão, ainda que hoje não valha de nada, ainda que hoje seja só uma dor, ainda que seja só mais um domingo em que as pessoas se amam porque o comércio mandou, porque a mídia dominou e todos saíram na semana anterior para comprar os presentes, entusiasmados, enfileirados nas lojas, prontos para agradar. Além do perdão, eu agradeço por ter me ensinado, mesmo sem saber, a não fazer com mais ninguém aquilo que fiz com você.
Não é só por isso que hoje sou uma pessoa melhor, mas é porque dói tanto, dói tanto, que eu não consigo esquecer, eu nem ouso pensar em refazer o mal feito, que fiz durante quase 15 anos, com você.

Domingo, 09 - Por Dara Bandeira

sábado, 8 de agosto de 2009

Ela é estranha .

É incrível como ela não quer abrir mão das coisas que já tem, ainda que seja pouco. Guarda com um afinco, com um cuidado, não é fardo, mas ela reclama, já que no fundo ela sabe que as coisas podem melhorar. Ela fica com o que já tem, ela tem medo do novo, do irreal, detesta mudança, parece criança que não larga o brinquedo velho, ainda que tenha um novinho em folha para brincar. Parece que encontrou a solução: não perde aquilo que já tem, mas fecha a vida para o que há de vir. Nega os novos amores, revive as antigas dores, as fotos dos anos que se passaram, a nostalgia de tudo aquilo que viveu. Ela se protege do perigo maior, que considera ser ela mesma. Evita pensamentos muito profundos sobre o que pode vir a ser daqui para frente, já que foi obrigada a crescer tão rápido. Ela quer inovar, mas tudo deu um nó e a vida se perdeu, decididamente, ela vai ficar com o que sobrou. Até encontrar alguém que a impulsione, o fôlego novo, alguém para animar, alguém que quebre todas as barreiras, alguém, um alguém que seja especial, assim como ela é.

Ela é estranha - Por Dara Bandeira

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Insistir .

Antes do texto de hoje agradecimentos sinceros aos seguidores que me enviaram selinhos lindos *-* .Prometo postar em breve, ok? ;*

Segue o fluxoo . . .

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Insisto, mas nem sei ao certo por quê.Talvez seja por me perder nas horas quando estou com você, ou quem sabe porque as horas se perdem ao tentar prever a grande ironia do destino, eu e você.Insisto, talvez porque me dei conta que não sei mais acreditar na ausência.Eu admito a saudade, mas nunca a ausência por completo, entende? Admito que você fique um tempo fora, mas que deixe o seu cheiro, que deixe a sua voz ecoando pelos meus pensamentos quase perfeitos, deixe um pedaço seu, deixe a certeza de que logo voltará. Insisto em não sair de cena, afinal, gosto do nosso teatro, do nosso jogo inacabável.Insisto em não acreditar que existem perdas necessárias, insisto em deixar a minha cabeça confusa, insisto que não há nada melhor do que você.Quero deixar as lembranças daquele tempo bom em que nos amávamos em paz, sem precisar insistir, sem precisar forçar.Mas agora deixa, digo e insisto que o tempo é quem dirá o que vai ser melhor, o que melhor se encaixará.A alegria logo volta, a divina comédia retorna, assim que tudo que insisto recomeçar.

Insistir - Por Dara Bandeira

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ele apareceu.

'E como em um passe de mágica ele apareceu com a cara mais lavada, com o sorriso mais faceiro, com seu sotaque e suas gírias que parece de estrangeiro. Ele apareceu, ousado e diferente de todos os outros que conheci.'

Por Dara Bandeira

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

. Ela .

Ela agora é mais reservada, por mais que você não perceba, agora a morena fala menos, se contêm ao sorrir, contêm a alegria, contêm a cara de espanto, perdeu a graça ao se expressar.Desde que a moça percebeu que é sozinha ela se transformou em um misto de agonia e euforia, ela se sente meio presa e isso não têm como disfarçar.Ela guarda alguns segredos ,os quais prometeu ao espelho não contar a ninguém. Essa cumplicidade entre eles não vai durar muito tempo, já que ela achou um alguém que pergunta tudo e o hábito de mentir, a morena não tem. Ela conta a verdade, e, por vezes, surpreende com tudo que tem a dizer. Ela é uma incrível atriz, atua boa parte do tempo. As pessoas se perguntam se ela é uma pintura, algo indecifrável ou quem sabe uma moldura bonita, mas ela diz que não. Ela acredita que molduras bonitas não salvam quadros ruins, afirma também que nada nela é feito de giz. Pura, real e simples, a morena se diverte com pouco, mas ao chegar o fim do dia, já não é tão feliz. Ouve a quem tem que ouvir, responde as perguntas a quem quiser perguntar e logo já é outro dia. O sol vai permanecer lá, ainda que atrás das nuvens, a claridade toma conta de todo espaço. Mas lá dentro ainda permanece tudo meio obscuro e ela tenta viver ainda assim, ela deixa o ciclo se reiniciar, ela dá mais uma chance para si mesma, ela retoma na interminável tarefa de tentar ser feliz.

Ela - Por Dara Bandeira