domingo, 29 de abril de 2012

Sobre as cotas

Tem gente que fala ser contra as cotas com tanta propriedade, que parece que vive em outro país. Um país onde o preto não é discriminado e marginalizado por conta da cor da pele. Um país onde não existe resquícios da escravidão tão clarividente. Uma educação de merda, seletiva, com escolas básicas sem estrutura para educar ninguém. A política de cota, de fato, não é a melhor solução para o Brasil, mas eu espero que quem é contra tenha uma melhor. Algo que não faça um negro ter que esperar mais 200 anos para não viver à margem da sociedade. Boa semana.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Amor líquido

Bom, terminei, finalmente, de ler 'Amor líquido', do Bauman. Confesso que tenho um tanto de preguiça de relacionamento, de perdão, de entender, de ceder. Confesso que faz tudo sentido quando eu leio sobre a pós-modernidade, mas a vida é real e é aqui e agora. Parece que não temos tempo para amar e sofrer. Tudo é tão rápido, tão líquido. Em termos de Bauman, a fluidez dos tempos modernos não me permite parar e pensar quão importante seria ter um amor. Cá entre nós, soa demodè: ter um amor, como assim? O ideal é ter algo pra contar, um desamor, um flerte qualquer. Amor é pro tempo do meus avós. E mesmo assim eu penso, repenso, trepenso. Eu quero uma possibilidade de amar, ainda que na pós-modernidade. Eu quero algo para cuidar, para me perder, para achar. É louco porque todos nós sabemos como funciona. Mesmo assim, queremos. E eu me pergunto, pra quê? Ai, Bauman, perdão.Somos fraude, em plena pós modernidade.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

São Jorge, guerreiro

Hoje é Dia do São Jorge e eu fui acordada por uma quantidade absurda de fogos, às cinco da manhã. Eu já aceitei que na vida de jornalista não há feriado, não há fim de semana. O que há é uma vida que é corrida, uma vida na qual as notícias factuais deixam de ser factuais em segundos. Eu entendi que mesmo vendo muitos amigos indo viajar para curtir o feriado, curtir o dia livre, eu terei que trabalhar, e não vai ser raro. Mas ser acordada às 5 da manhã? Eu não tenho nada contra as manifestações para homenagear o Santo Guerreiro, nada mesmo. O Brasil precisa mesmo desmistificar a questão das religiões, seja católica, protestante, candomblé, o budismo. Mas eu não me contive, sou da geração “@”. Levantei da cama às 5h30 e publiquei minha indignação por ter sido acordada 2 horas antes do previsto. Tinha mais gente reclamando, claro. Por fim, se existe mesmo o santo e o dragão do santo, provavelmente o dragão também acordou enfurecido com tanta manifestação. Ano que vem quero que seja minha folga e vou a algum lugar onde não seja ritual comprar a casa de fogos e acordar a vizinhança.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Smartphone – o telefone que pensa como você

Já foi o tempo em que ter um telefone inteligente era uma vantagem muito grande. Talvez esse fato se deva ao desenvolvimento da internet 2.0, já que com ela o usuário tem a capacidade de interferir, de opinar. Há uma troca que compromete toda a forma de comunicação. Deixamos de ser passivos em relação a ela e isso exige que toda a tecnologia seja mais elaborada, para que supra às necessidades dos usuários. Para que seja atrativa, para que tenha diferencial, é preciso muito mais do que ser um smartphone, ou telefone inteligente, ele precisa pensar como você pensaria. Parece loucura, uma tecnologia avançada demais, mas é tudo que uma pessoa cheia de compromissos precisa de um smartphone: Selecionar para quem o seu telefone está ligado. Não entendeu? Você precisa muito atender a ligação de um cliente, mas não quer atender a ligação da sua sogra. Então, milagrosamente, seu smartphone só estará desligado para o número da sua sogra, que, apesar de querida, pode não ser um bom contato no momento. Com a vida corrida, nada mais inteligente do que um smartphone que se lembra de aniversário de seus amigos menos íntimos, aqueles que você até quer manter contato, mas tem preguiça/falta de tempo para e mandar um sms. Então, o seu smartphone faz isso pra você. Ele dispara pra sua agenda, que já tem cadastro próprio, uma mensagem de Feliz Aniversário, genérica, mas carismática. Quer um exemplo? ‘Apesar da minha falta de tempo, saiba que desejo as melhores coisas para você. Muita paz, felicidade e, sobretudo, amor. Um abraço e parabéns. ’ Quer chamar uma amiga para almoçar, mas não sabe o que ela curte? O aplicativo do seu telefone inteligente te ajuda! Você associa o nome dela a um assunto, por exemplo, gastronomia, e ele te dá uma lista de todos os bares e restaurante que ela fez o famoso check-in. Pronto, você já descobriu se ela é naturalista, vegetariana, se curte uma comida japonesa ou prefere um almoço mexicano. Isso serve para teatro, cinema, exposição. Fácil, não? Por fim, um smartphone deveria ajudar a estreitar relacionamentos. Os dias passam muito rápido, num piscar de olhos já se é amanhã e você é tão conectado que se esquece do dia da avó, que se esquece da festinha de dia dos pais, que se esquece de que é de carne e osso e precisa reforçar os laços. Precisar fazer com eles não sejam tão frágeis. E, num mundo moderno, nada como contar com um empurrãozinho da tecnologia. Nem sempre para substituir, mas para te lembrar de que existe um mundo real, que precisa de você.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sobre a Fotografia

Em outros tempos eu diria que os olhos são a janela da alma. Hoje, digo que os olhos são janela da alma, do corpo e de tudo que compõe o que somos. São eles que nos proporcionam enxergar o que temos de melhor e de pior no mundo. São eles que entregam, todos os dias, uma gama de coisas, que passam despercebidas por conta da nossa correria, nossa frieza por tudo que não nos é permitido ver. (...) Fotografar é largar a nossa descrença de felicidade e perceber que existem muitos lugares a serem vistos, pessoas a serem conhecidas, mundos internos a serem descobertos.

domingo, 8 de abril de 2012

Sobre Páscoa

Pra quem tem família, aproveite o almoço de Páscoa. Pra quem tem religião, comemore a passagem, cante, faça jejum, não coma carne, grite, louve, deseje o bem. Pra quem é 2.0, deixe recado falando sobre a Páscoa e sobre o amor. Mas se for família, seja em todos os outros dias. Se for religião, agradeça todos os dias. Se for amor, cultive todos os dias. Porque não há nada mais triste do que uma vida forjada. Moldada por datas comemorativas. Ame sempre, sempre. Eu poderia só ter dito Feliz Páscoa, mas sei lá, é sempre bom lembrar dos outros 364 dias.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Em que tipo de Deus eu acredito

"No final das contas, o que hoje penso em relação a Deus é simples. E assim: tive uma cadela maravilhosa. Ela havia sido abandonada. Era uma cruza de cerca de dez raças diferentes, mas parecia ter herdado as melhores características de todas elas. Ela era marrom. Quando as pessoas me perguntavam "De que raça é a sua cadela?", eu sempre dava a mesma resposta: Ela é marrom." Da mesma forma, quando me fazem a pergunta "Em que tipo de Deus você acredita?", minha resposta é fácil: "Acredito em um Deus grandioso."

domingo, 1 de abril de 2012

Em alguns casos, só em alguns, minta

Convencionou-se o dia da mentira, ok. Assim como qualquer outro dia que ninguém procura saber o sentido, mas faz uma piada sobre, prega uma peça, faz uma matéria de comportamento e coloca na revista de domingo. Estando ou não no calendário, sendo ou não feriado nacional, convencionou-se. Nada mais justo do que parar pra pensar sobre o assunto, então.

Confesso que, eventualmente, minto. Daquelas mentiras que julgamos não fazer mal a ninguém. Aquela clássica de responder ‘estou chegando’, quando ainda se está em casa ou longe do destino. (Nesse momento aproveito para pedir perdão pelos meus atrasos e mentiras, rs). Aquela outra de responder ‘tudo ótimo, e você?’. Eu fico pensando que são respostas que servem pra minimizar as consequências.

Observe a cena: Passo pela rua, andando às pressas pra pegar um ônibus qualquer (desconsidere a greve só por hoje). Daí passa um ser que não vejo desde a minha formatura da oitava série, e pergunta, só por educação: ‘Tudo bem, querida?’. Imagina se eu fosse falar a verdade. ‘Tá tudo mais ou menos, o trabalho tá bom, mas a faculdade tá um saco. Ah, eu to com uma cólica dos infernos e isso me lembrou que preciso ir ao médico pra ver meus ovários. Mas to sem tempo até pra comer. É, emagreci por isso. E .......’ Nesses casos, minta. Por favor

Na verdade, poderia enumerar vários estilos de mentiras e de mentirosos. Tenho amigos que são ótimos, criam histórias com uma facilidade que costumo dizer que Manoel Carlos deve intensificar os cursos de especialização na área. Outros criam histórias que nem eles seriam capazes de acreditar. São criativos, caricatos, arriscaria dizer que algumas histórias têm até um quê de ficção. Tenho alguns que vivem numa mentira eterna. Ele finge que é verdade e eu juro que acredito. Dois mentirosos.

Mas tenho orgulho dos meus amigos, porque eles podem mentir de vez em quando, mas eu minto também. Eles sustentam meus personagens, quase todos os dias. Dão força, acham graça. São expectadores da minha dramaturgia, digamos assim. Não teria a menor graça sem eles. Não estou dizendo que sou uma mentira, não isso. Só estou dizendo que você pode acreditar no que vê, mas o que você vê pode não ser verdade.

Não apele tanto pela verdade, porque se achasse alguém que te fala a verdade sempre, com certeza não o suportaria. Principalmente quando você fala: ' To chato hoje, né?' ou 'Ai, acho que engordei'.



Boa semana.

Feliz dia da mentira.