segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A vida dos Outros

Fico chocada com o número de pessoas que gostam de se intrometer na vida das outras. Gostam de opinar sobre o carro novo que a vizinha comprou, sobre o amigo da vizinha que só aparece quando o marido dela não está, sobre o fato da vizinha estar saindo em horários alternativos. A ex melhor amiga parece que está bem de vida, trocou o namorado que cheirava a leite por um de meia idade, que já sabe o que quer.
A menina do consultório médico frequenta a ‘The Week’, vejam só. E o médico, chefe da menina do consultório, não usa mais aliança, só ficou a marca no dedo, causada pelo sol castigador do Rio de Janeiro. A menina que freqüentava a igreja você vê no Steak House da esquina conversando com aquela gente, aquela gente que você sabe, né? Não presta, nenhum deles presta. Ela era tão direita, como mudou assim?
Você não entende como pode ter tanta gente errada numa cidade só, né? Tanta gente que era do bem e agora está aí, perdido nesse mundão. Tanta gente que era padrão, tanta gente boa, gente honesta.
Honestamente? Te explico o que aconteceu, querida. Todos eles descobriram que ser feliz é o melhor remédio. Decidiram viver. Eles resolveram que não vão dar satisfação da própria vida pra ninguém. Eles se deram conta de que no fim do mês, quando a mensalidade do colégio das crianças chegar ou quando o plano de saúde vencer, você não vai querer participar com tanta veemência assim, não é mesmo? E a melhor de todas as descobertas que eles fizeram e você não, é que a vida é muito curta, não dá para viver mais de uma. Então decidiram que viver intensamente a própria vida é, seguramente, a melhor maneira de se viver.