segunda-feira, 28 de maio de 2012

Marcha das Vadias e a intolerância

É complicado entender algumas coisas no Brasil. Nós, enquanto mulheres, conquistamos ‘muita coisa’ nas últimas décadas. Nós temos o direito ao voto, nós estamos representadas em todas as profissões, nós lutamos para a equiparação salarial e, por último, mas não menos importante, agora tempos uma mulher nos representando politicamente. Nós atravessamos uma revolução sexual – embora eu não goste de usar o termo revolução – e não há como negar que, por mais que muita coisa tenha sido conquistada, ainda há muito para mudar. Precisamos quebrar muitos paradigmas, preconceitos, pensamentos obsoletos e machistas que não cabem em uma sociedade que se julga em desenvolvimento. Acho que como disse o Sakamoto em uma de suas publicações, nós estamos longe de manifestar nossos sentimentos livremente e aí que surge todo o problema. Nós não quebramos alguns tabus, nós não reconhecemos o nosso próprio preconceito. Se você não se encaixa num padrão já pré-estabelecido, está pedindo pra apanhar, pra ser abusada, pra ser motivo de chacota. Eu sei porque já fui, ainda sou. Se a regra é que homens jogam futebol e meninas dançam balé, não seja diferente. Se menina só pode beijar menino, quem sou eu para me apaixonar por uma garota? O problema é que isso não fica só no âmbito familiar, a sociedade nos impõe isso, o tempo todo. Nós não podemos muitas coisas e não há um motivo lógico. É pura e simplesmente pela intolerância e pela manifestação de violência gratuita. Parece que não ser padrão proporciona esse sentimento. Triste, mas real. O Brasil se preocupa com educação, com violência, mas não percebe que muitos problemas sociais enfrentados pelo país poderiam ser evitados com a propagação da tolerância, com o aceitar o outro como ele é, independente do gênero, da opção sexual, da nacionalidade. Tolerar e Respeitar. E quando digo não é tolerar a minoria, até porque, segundo a última pesquisa, as mulheres são maioria. Eu falo de tolerar o outro. Independente de.... A marcha das vadias é uma manifestação que prova que há muita coisa velada, há muito para ser divulgado. Se eu contar parece mentira, mas, sim, há mulheres que apanham e são violentadas verbal e fisicamente porque se “vestem como prostitutas”. Por isso, meninas, não usem o uniforme da prostituta. Sigam o padrão, sigam as regras impostas, é o seu carma, é sua sina. Século XXI, fim de doenças raras, avanços tecnológicos, mundo pós-modernos, crises da pós-modernidade e somos obrigadas a conviver com situações que me fazem repensar todo esse avanço. Desculpa, mas a culpa não é minha. Não são as meninas que andam fora da linha. Desculpa, mas eu me visto como eu quiser, ouço o que eu quiser, beijo quem quiser, leio o que quiser. Deram-me o direito de usar meu cérebro e isso é o que de mais valioso eu tenho. Não posso abrir mão.

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Ao menos pude lhe fazer pensar, meu caro ?